“VIDAS
SECAS” – Graciliano Ramos
PRISCILA
CARVALHO PÓVOA CRUZ COSTA
5º
PERÍODO/LETRAS
A obra em questão é Vidas
Secas de Graciliano Ramos, autor nordestino que faz parte da geração de 30, ou
modernismo da segunda fase, período no qual os temas nacionalistas e
regionalistas se fortalecem. É composta por 13 capítulos nos quais se retrata a
realidade miserável e conturbada de uma família mediante a devastadora seca no
nordeste brasileiro.
Fabiano, Sinhá Vitória, seus dois filhos e a cachorra
Baleia são as figuras principais do enredo digamos que desmontável, por não
haver uma linearidade que obrigue o leitor a se reter a uma determinada ordem,
exceto o capítulo “Mudança”, que deve ser lido primeiramente, e “Fuga”, que
também deve ser lido segundo a disposição original da obra.
No decorrer de todo o enredo, nota-se uma descrição
bastante rude e áspera tanto do cenário quanto das personagens fazendo jus ao
título dado à obra.
Em “Mudança”, primeiro capítulo, a família de retirantes
caminha exaustivamente por um cenário devastado até chegar em uma fazenda
abandonada a qual acende- lhes a esperança de um futuro melhor. A
esperança instaura-se ainda mais com a chuva que chega, mas logo se dissipa por
conta do dono da fazenda que retorna fazendo de Fabiano um vaqueiro ordinário.
A figura dos retirantes é tema de muitas outras obras que
tentam de alguma forma relatar o sofrimento pelo qual essas pessoas passaram. A
seca, principal vilã, desumaniza, animaliza e faz com que o ser humano aja de
forma impensada e impulsiva, e foi
exatamente esse contexto que fez com que Fabiano aceitasse a intensa exploração
por parte do patrão, as desonestidades e os insultos que ele lhe dirigia.
Semelhante ao patrão de Fabiano tem-se também a figura do
soldado amarelo que explora da ignorância do pobre homem, o agride, o acusa e o
humilha sem razão alguma. Seu Inácio, dono da bodega, é outro que se apresenta
no mesmo campo da desonestidade que o patrão e o soldado amarelo, por adulterar
os produtos vendidos e cobrar mais caro que devia.
É revoltante saber que existem pessoas que são realmente
assim, exploram por puro prazer, aproveitam da necessidade alheia e abusam da
sua condição superior. Graciliano Ramos retrata isso em toda a obra deixando aí
sua crítica e indignação aos que realizam tais práticas. Situações assim
acontecem por todos os lados, não só no cenário da seca.
Cada um dos 5 principais personagens tem um capítulo
específico, não há muitos detalhes sobre eles por conta, exatamente, de se
tratar de “vidas secas”.
Os membros da família são pessoas simples, de aparência
rude, ignorantes e de poucas palavras, tanto que constantemente as situações de
comunicação entre eles são por meio de “sons guturais” ou gestos. Seu pouco
contato com outros humanos, o fato de vestirem poucas roupas e não saberem
sequer conversar direito, os aproxima muito da figura de um animal.
Fabiano sempre trapaceado, por causa da sua ignorância e
baixa posição social, não tinha reação nem atitude diante das situações, mas
mesmo assim pensava na educação dos filhos, no futuro que os esperava. Sinhá
Vitória não era tão ignorante quanto o marido, sabia até fazer contas, mas o
que mais se destaca nela é seu anseio por uma cama digna. É esperançosa,
inconformada com a situação vivenciada, trabalhadora e de maior iniciativa que
o marido.
O filho mais novo anseia ser como o pai, o mais velho é
um menino mais curioso e demonstra interesse por conhecer coisas que a
convivência com a família não permite. Ambos possuem uma relação amigável com
Baleia, a cachorra da família que demonstra ser mais compreensiva e digna que
qualquer outro ser humano do livro. Baleia sempre esteve presente com a família
desde os desníveis da seca até àquele momento de estabilidade. O sacrifício da
cachorra é tratado com tanta melancolia e rancor que deixa bem claro o quão
importante ela era, tanto que Fabiano jamais se esqueceria da atitude drástica
que ele fora obrigado a tomar: sacrificar a cachorra por conta de uma doença.
Em meio a tantas dificuldades, a família teve momentos de
alegria e sossego como é relatado em “Inverno”, quando as chuvas prevaleciam e
fazia com que tudo se revigorasse e dava a esperança de que a seca não viria
tão cedo. Mas, não abandonando a linhagem pessimista que os acompanhou até o
momento, ainda assim houve medo, medo das enchentes.
Em “O soldado amarelo” a dignidade do homem simples é mostrada
quando Fabiano teve a chance de matar e se vingar do ser que o humilhara e o
colocara na cadeia sem motivo justificável, mas não o fez. Pelo contrário, Fabiano
tirou o chapéu numa reverência e ainda ensinou o caminho ao amarelo que estava
perdido no mato. Atitude nobre desse personagem que, até então, não tinha nada
a se destacar.
O tempo se passou
e de repente se viu “o mundo coberto de penas”, eram as aves carniceiras que
tiravam a paz dos sertanejos. Aquela cena trouxe lembranças horríveis à família
de Fabiano e, após quase tudo acabado e seco novamente, optaram pela “Fuga”
iniciando, mais uma vez, o ciclo que introduz a obra em busca de esperança.
Graciliano Ramos encerra essa obra da mesma forma como a
iniciou talvez para mostrar que esse fenômeno (seca) é constante e imprevisível
no nordeste de nosso país. Ou, levando para um lado mais ideológico e social da
obra, para mostrar que a condição de explorado e conformado do ser humano
também sempre continua. Deve sempre haver em nós a esperança de tempos
melhores, assim como houve em Sinhá Vitória. Deve sempre haver em nós, atitudes
de humanidade, como houve em Fabiano mediante o soldado amarelo perdido na
mata. Deve sempre haver em nós o desejo de saber e conhecer mais, como houve no
menino mais velho. Deve sempre haver em nós o sentimento amigo que houve em
baleia. Devemos também ser como o menino mais novo, seguir os exemplos que
achamos necessários.
Em suma, a obra de Graciliano Ramos além de retratar uma
realidade brasileira, traz uma infinidade de ensinamentos. É uma obra de
leitura não tão fácil, pois, por se tratar de uma região específica, existem
palavras e expressões que fogem do contexto de quem nunca esteve inserido ou
conviveu com o sertão nordestino, mas não é nada que desqualifica a obra nem
tira os seus méritos.
Essa brilhante obra interessa a todos os brasileiros que
se preocupam com os problemas sociais que afetam seu país e que procuram
conhecer ou estudar a cultura ou a história de determinada região.
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 40. ed. São Paulo: Record.
Para
começar a conversa...
O
gênero textual RESENHA é bastante
presente no meio estudantil, sobretudo o acadêmico. Consiste, basicamente, em
tecer comentários críticos ou avaliação de uma obra que deve conter o assunto e
como ele é abordado e tratado, a organização, a ilustração, se houver, etc. Uma
resenha deve ser feita levando-se em consideração os conhecimentos prévios
sobre o assunto. Nesse sentido, sua produção implica leitura, releitura, interpretação,
resumo e posicionamento.
1 1- A partir da resenha apresentada, busque as
informações que auxiliem a completar o quadro abaixo.
Livro
resenhado
|
|
|
Autor
do livro
|
|
|
Tema
do livro
|
|
|
Gênero
da obra
|
|
|
Autor
da Resenha
|
|
|
Objetivo
da resenha
|
|
|
Público
alvo da resenha
|
|
|
É
necessário, também, saber que as resenhas se caracterizam por apresentarem pelo
menos dois movimentos básicos: a descrição ou resumo da obra e os comentários
do autor da RESENHA.
2- Agora, vá observando atentamente as partes da
resenha e faça o que se pede:
A) O que é apresentado no primeiro parágrafo?
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
B) Transcreva do texto comentários, do autor da
resenha, sobre a obra resenhada e especifique em quais parágrafos ocorrem.
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3- De acordo com o que viu-se até o momento,
preencha as lacunas do texto usando as palavras/expressões abaixo,
adequadamente:
Comentários – os
objetivos – a conclusão – a apreciação – informações sobre o contexto e o
tema do livro.
|
No
início de uma resenha, encontramos ________________________. Em seguida,
____________________________ da obra resenhada. Antes de apontar os comentários
do resenhista sobre a obra, é importante apresentar a descrição estrutural da
obra resenhada. Isso pode ser feito por capítulos ou agrupamento de capítulos.
Depois, encontramos __________________ do resenhista sobre a obra. Aliás, é
importante que haja tanto ____________________ positivos quanto negativos.
Finalmente, _____________________, em que o autor deverá explicitar/reafirmar
sua posição sobre a obra resenhada
MACHADO, Ana Rachel ABREU
TARDELLI, Lília Santos LOUSADA, Eliane Gouvea. Resenha. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. 3. Ed.
Belo Horizonte: Autêntica, 2014.
Os resultados dessa atividade foram surpreendentes! Rendeu ótimas resenhas de nossos clássicos.
ResponderExcluir